sábado, 4 de setembro de 2010

Predadores em desequilíbrio RRAAARRR

Esses dias assisti um documentário (Discovery Channel) sobre os predadores da natureza. Esteticamente muito bonito, cheio de glamour mas com pouco conteúdo didático.
Para gente entender um pouco como funcionam as relações ecológicas a gente precisa definir alguns conceitos básicos mas de extrema importância.
As interações competitivas que ocorrem no ambiente nem sempre são diretas, normalmente são até bem sutis e elas podem ser mediadas ou limitadas de acordo com a disponibilidade de um dado recurso. No caso da Predação essa é uma interação ecológica evidente. Muitas pessoas conseguem visualizar essa relação quando pensam em grandes animais da savana, um exemplo clássico seria: um leão caçando uma zebra. Mas se você analisar mais cuidadosamente existem exemplos menos "orgásticos" (RRAAARR). Vejam o exemplo de Hopkinsia rosacea, é uma espécie de Nudibranchia (subordem de Opisthobranchia) um pequeno gastrópode marinho que possui as brânquias descobertas, daí o nome. As espécies que pertencem a essa subordem são coloridas, delicadas e apresentam um apetite voraz, são carnívoros como a maioria dos predadores, e levam a sério a "lei da selvageria" podendo hora estar atuando com o predadores ou hora servindo de presas para outros animais.
Mas é fato, existe um equilíbrio dinâmico nos ecossitemas que é dado por atributos bem específicos (taxa de mortalidade, natalidade, emigração, imigração e densidade populacional)  e a predação, muito embora pareça algo dramático, é na verdade um eficaz controle de animais e plantas, sendo um fator limitante do crescimento das populações.
Você conhece a Lycosa erythrognatha? Pois é, quem mora em grandes centros urbanos talvez não conheça essa espécie de tarântula, ela é uma aranha comum de jardim, uma predadora natural. Algumas pessoas podem ter aversão, outras podem ter medo e existem aquelas pessoas que possuem grande admiração por aracnídeos. Independente de qual tipo de pessoa você seja, durante o verão você provavelmente deve detestar moscas e mosquitos que infernizam e colonizam as nossas casas durante a estação mais quente do ano, esse problema é causado entre outras coisas pela diminuição de Lycosa nos nossos quintais, pois essa aranha desempenha um papel importante no controle de insetos e outros artrópodes, ela não faz teias e não costuma habitar interiores de casa então não precisa ter medo ou matar caso você encontre uma no seu caminho, porque ela não é venenosa e usa folhas secas para construir seus ninhos. O problema é: as pessoas passaram a ocupar todos os espacinhos de terra e não deixaram espaço para o quintal e as aranhas de jardim foram naturalmente desaparecendo, ficando apenas as indesejáveis aranhas-marrom.
Apesar de possuir imagens belíssimas de predadores em ação, às vezes os documentários deixam meio à desejar quanto ao contexto ecológico. O controle biológico é essencial para a biodiversidade, pois se uma espécie cresce descontroladamente causa um desequilíbrio produzindo um efeito dominó, e toda vez que o habitat é modificado pela ação do homem esse efeito é maximizado. Como não poderia deixar de falar a mudança climática pode ser um dos principais motores de extinção global de espécies, pois ela afeta desde os níveis tróficos mais basais até o topo da cadeia onde estão os grandes predadores. Para a preservação da biodiversidade é insuficiente considerar apenas a dinâmicas de espécies individuais e por esse motivo é tão importante conhecer as relações ecológicas, por mais ultrapassado que isso possa parecer a natureza é uma rede interligada e cada ponto tem um papel fundamental para o equilíbrio global do sistema.
Só relembrando que esse ano é o Ano Internacional da Biodiversidade e nas universidades estão rolando ciclos de palestras com muita informação de qualidade, desligue e a TV e vai assistir a um simpósio.
=)
bjos e xauxau

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