segunda-feira, 16 de agosto de 2010

O acaso na ciência

Einstein disse certa vez que "Deus não joga dados com o Universo" ou seja o acaso não existe. Minha irmã é jornalista e eu sou biológa, logo, somos uma salada de informações úteis e inúteis e, divagar sobre a vida e os acontecimentos acaba tornando-se uma de nossas maiores diversões e, esse final de semana refletimos sobre o acaso/destino. Por exemplo digamos que eu descubra acidentalmente a cura para a doença renal crônica (DRC), trabalhar com DRC só foi possível porque eu estudei a Patofisiologia do rim e, isso só aconteceu porque eu fiz Patologia na pós graduação, que aconteceu porque eu fiz iniciação científica durante a graduação, que aconteceu porque eu conheci a minha orientadora, que eu conheci porque fazia estágio voluntário num laboratório de terapia celular, e fiz estágio lá porque um dia estava passando no corredor e notei um anúncio de seleção para estágio. O que seria isso acaso ou destino?
Para algumas pessoas essa seria a prova da força do acaso ou do destino, para nós (minha irmã e eu) seria apenas serendipidade. Essa palavra é um neologismo de uma expressão que vêm do inglês "serendipity" que refere-se à coincidências ou descobertas aparentementes feitas ao acaso. 
O cientista francês Louis Pasteur, famosissimo por sinal, conhecido como pai da microbiologia costumava dizer que "O acaso só favorece a mente preparada". Essa na minha humildade opinião é a melhor definição para a expressão serendipidade. E o melhor exemplo disso vêm mesmo da ciência:
Lei da gravitação universal: certo dia estava o Sir. Isaac Newton descansando embaixo de uma frondosa macieira quando de repente uma daquelas frutas caí-lhe sobre a cabeça e num golpe do destino o Sir Isaac saí de seu estado contemplativo da natureza e pensa: por que ao invés da maçã flutuar, ela caiu?
Senhores, não sei se a história acima é verdadeira, mas é fato Isaac Newton era físico, matemático (lembram do binômio de newton?), astrônomo, alquimista, teólogo (lembram da Rosa Cruz?) e filósofo. Estudou e lecionou em Cambridge, foi um dos precursores do Iluminismo e dedicou a vida a procura do esclarecimento científico. Se a história da maçã fosse mesmo real mas tivesse caído sobre a minha cabeça, por exemplo, eu teria soltado um palavrão, limparia a maçã e a comeria, porque eu não tenho conhecimentos profundos em física. Contudo, sobre a cabeça de Newton a queda da maçã foi o estopim para a criação de uma lei que explica um dos fenômenos mais importantes do universo.
Heparina: Em 1916, um estudante de medicina, Jay McLean, que investigava substâncias tromboplásticas diferentes da cefalina, encontrada no cérebro, encontrou em um extrato de tecido hepático, uma substância capaz de retardar a coagulação do plasma.
Descoberta do planeta Urano: Frederick William Herschel, estudava cometas com um telescópio (no fim do século XVIII)  quando percebeu um novo objeto que a princípio julgou ser uma estrela ou um cometa. Mas observando com mais cuidado e com a ajuda de um amigo e astrônomo Anders Johan Lexell concluiu que o objeto percorria uma órbita planetária além de Saturno. Galileu Galilei anterioramente também havia percebido a "estrela" que o Herschel  anos mais tarde chamaria de Urano mas acreditou, óbvio, que a estrela não havia mudado de posição e sim que havia errado em seus cálculos.
Mas a história mais curiosa seria a de que o pai de Alexander Fleming, um jardineiro, teria salvo do afogamento um menino chamado Winston Churchill, filho de um Lord Inglês membro da Câmara Alta do parlamento inglês. Grato, o pai de Winston quis recompensar seu empregado, que se surpreendeu com o pedido do mesmo: pediu que desse ao menino, Alexander, a mesma educação que fosse dada ao seu próprio filho. Anos mais tarde, Alexander Fleming, tornou-se bacteriologista do St. Mary's Hospital, de Londres, e já há algum tempo vinha pesquisando substâncias capazes de matar ou impedir o crescimento de bactérias em feridas infectadas. Em setembro de 1928 Fleming esqueceu algumas placas com culturas de estafilococos sobre a mesa e saiu de férias, quando voltou observou que algumas das placas estavam contaminadas com fungo e notou um halo transparente em torno do mofo contaminante,que impedia o crecimento de bactérias, tratava-se de um fungo do gênero Penicillium e daí penicilina. Durante a Segunda Guerra Mundial Winston  Churchil ficou muito doente e foi submetido ao tratamento com penicilina. Churchill havia sido salvo da morte pela segunda vez e por um membro da mesma família Fleming.
O próprio Alexander Fleming negou a versão do salvamento heróico, mas a história da descoberta da penicilina é mesmo verdadeira.
Enfim, Camila e eu não fomos muitos longe de onde estávamos e, como era de se imaginar concluímos que a ciência não é composta por acasos e sim, por mentes que preparadas enxergam no cotidiano grandes oportunidades.
Um beijo e até ;)

Nenhum comentário:

Postar um comentário